No âmbito das unidades curriculares "Introdução às Ciências Sociais" e "Seminário de Iniciação à Mediação e Formação e Laboratório Multimédia e Educação" decidimos fazer um breve studo dos Rituais de iniciação ás bebidas Alcoólicas.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Estudos Efectuados Anteriormente

Consequentemente, a massificação da divulgação e da produção das bebidas alcoólicas levou ao seu consumo em exagero e houve uma mudança de tradições, sendo o vinho substituído pelas recentes bebidas brancas destiladas, preferidas pelos jovens universitários, segundo pequenos inquéritos, por nós realizados. Estes, no seu contexto social, grupo de pares, procuram conquistar os elementos do grupo adoptando comportamentos de auto- -afirmação o que implica riscos elevadíssimos e muitas vezes, potencialmente fatais.

Segundo variadíssimos estudos, como por exemplo o estudo feito pelo Inquérito Nacional de Saúde (1995/96), 11% dos rapazes e 4% das raparigas entre os 15 e os 16 anos, consomem várias vezes álcool por semana. Os jovens têm tendência a recorrer cada vez mais às bebidas alcoólicas com o intuito de se embriagarem rapidamente e atingirem um estado de alteração de consciência.

Num estudo mais recente, coordenado por João Breda (in Iken, 2002), nutricionista da Direcção Geral de Saúde, 71% dos inquiridos a partir dos 11 anos de idade confessaram já ter consumido bebidas alcoólicas. Destes, 32% afirmaram consumir de manhã e 72% apontam como uma das maiores consequências de beber em excesso, terem de tomar conta dos seus colegas embriagados. 64% dos inquiridos dizem que o principal motivo de beber em demasia é por “gosto ou prazer”, 44% “para desfrutar melhor das festas da noite” e 53% para “relaxar e desinibir”.

A maioria dos estudos apontam para um maior consumo de álcool nos rapazes do que nas raparigas mas, esta tendência tem vindo a esbater-se, como refere o estudo de Wechsler e Mafadden em 1976.

Segundo José Machado Pais, em Culturas Juvenis, o que se coloca em questão relativamente à sociologia da juventude é o facto de não só se estudarem as semelhanças entre jovens e grupos de jovens, como também as diferenças sociais que existem entre eles. Mas afinal o que é isso de Sociologia da Juventude? Este construto tem variado entre dois grandes aspectos. Num primeiro aspecto, é tomado como um conjunto social cujo principal atributo é o facto de ser constituído por indivíduos pertencentes à mesma faixa etária, predominando assim um conjunto de aspectos mais uniformes. Num outro aspecto, a sociologia juvenil é também tomada como um conjunto social mas, neste caso, falamos de jovens em diferentes situações sociais, o que acaba por levar a diferentes acções.

No entanto, quando falamos de juventude tendemos a associar este objecto a problemas sociais como por exemplo a crise de emprego, o consumo exagerado de álcool e drogas, crises no grupo de pares, crises no grupo familiar e crises a nível pessoal, factos com relevância em Portugal.

Há uma grande leviandade no tocante a um destes assuntos: o consumo de álcool e drogas que se insere com mais intensidade no grupo de pares. De tão banalizado que se encontra, torna-se algo completamente indiferente nestas mentes de hoje em dia. E porquê falar nestes hábitos? Porquê falar de lazeres quando falamos de jovens? Porque, muito provavelmente, é no domínio do lazer que as culturas juvenis adquirem uma maior evidência, expressão, autonomia e unidade. E é sob esta aparente unidade da juventude que é possível encontrar um leque bastante complexo de situações sociais que tornam díspar esta experiência de ser jovem, independentemente destes não participarem no mesmo tipo de práticas sociais e culturais e de as viverem de forma diferente.

Contudo, temos de salientar que, mesmo existindo esta diferença, os jovens adaptam-se de maneiras criativas a essas mesmas características, o que faz com que se sintam estáveis dentro de inúmeros grupos de pares.

Já numa outra perspectiva, José Machado afirma que o principal propósito, ao escrever Traços e Riscos de Vida, prende-se com a tentativa de clarificação das condições ou determinantes sociais de jovens que vivem acontecimentos de risco ou em contextos de exclusão social mostrando deste modo as diversas formas de expressão desse desenquadramento como por exemplo: Adolescentes grávidas (traços redondos), toxicodependência (traços, laços e dependência), jovens graffiters (traços falantes), a construção social da noite de jovens consumidores do Bairro Alto (traços nocturnos) e por fim ravers e raving (traços contínuos de diversão).

Partindo dos traços de vida desses jovens e para uma melhor compreensão dos seus permissíveis riscos, defendem que os olhares dirigidos para estes, normalmente direccionados de uma forma etnocêntrica, numa atitude em que nos consideramos sistema de referência, numa atitude em que nos consideramos como que um topo, quando julgamos os outros à luz dos nossos próprios valores, à luz das nossas próprias crenças, acabando por encarar o nosso sistema superior daqueles a quem julgamos. José Machado Pais afirma que estas formas de desenquadramento social podem ser interiorizadas de uma forma mais simplista e mais rápida se esta for baseada numa forma mais naturalista, propondo assim uma ruptura com as teorias da etiquetagem e da estigmatização localizadas na noção do desvio.

Desta forma, os autores interessam-se mais pelos quadros de vida juvenis, pois é neles que se inscrevem os seus traços de vida – traços esses onde existe um lugar para execução, um lugar para os gestos, um lugar para os desejos, um lugar para as vontades e ansiedades, um lugar para as frustrações e expectativas e um lugar para as desilusões.

A título de resumo, José Machado Pais defende uma investigação onde se insiram também as próprias opiniões dos jovens, sobre os seus modos de vida, sobre os seus modos de pensar e olhar o mundo.

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